quarta-feira, 29 de junho de 2011

PROGRAMAÇÃO DE LITERATURA - SESC NO FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS 2011)

Dia: 16 Hora: 16h

Mesa: Olhares sobre Lilith – Interface entre literatura e cinema

Conversa com Alice Gouveia, Cida Pedrosa e Tuca Siqueira.- Presença das 22 diretoras cineastas participantes do projeto- Participação especial do escritor Marcelino Freire (PE/SP)

Dia: 17 Hora: 16h

Lançamento do Prêmio Sesc de Literatura 2011

Convidados: Mário Rodrigues (Garanhuns-PE), Menção Honrosa do Prêmio em 2009 e Flávia Tebaldi Queiroz (RJ) Técnica de Literatura do Departamento Nacional do Sesc. Participação especial dos vencedores do Prêmio 2010, Arthur Martins Cecim (PA) e Luisa Geisler (RS). Provocação de José Manoel Sobrinho coordenador de Cultura do Departamento Regional do Sesc-PE

Dia: 21 Hora: 16h30

Leitura de escritor com Ésio Rafael, Jorge Filó, Sandoval Ferreira (vídeo) e Chico PedrosaProvocação de Edison Roberto

Dia: 22 Hora: 16h

Conversa com Bráulio Tavares (PB / RJ) e Oliveira de Panelas (PE)

Dia: 23 Hora: 15h30

Recital com o grupo Vozes Femininas (PE)

Hora: 16h

Conversa com Marina Colasanti (RJ) e Luzilá Gonçalves (PE)

Promoção Inverno Sobrecapa

Promoção Inverno Sobrecapa!

Todos sabem que o Sobrecapa se desdobrou de site em um jornal virtual – o Sobrecapa Literal (http://www.sobrecapaliteral.com.br). Mudanças estão acontecendo aos poucos. Entre elas, a periodicidade dos sorteios literários. Com o espaçamento de quase quatro meses entre os concursos, percebemos que o ideal é lançá-los um a cada estação do ano. Sendo assim, inauguramos a Promoção Inverno no Sobrecapa.

Nessa promoção temos uma parceria especial com o Selo Alfaguara (do Grupo Objetiva), que nos oferece 2 livros, além de termos recebido exemplares diretamente de outros autores.

A lista de livros e as regras estão na página http://sobrecapa.wordpress.com/promocoes/promocao-inverno-no-sobrecapa/. O formulário para inscrição na promoção está na página http://bit.ly/lOQqW5. Inscrições até 31 de julho de 2011.

Concurso Internacional de Contos Vicente Cardoso

A Comissão Central organizadora da 7ª Feira do Livro de Santa Rosa, com a finalidade de estimular a produção literária local, e o intercâmbio com escritores brasileiros e de outros países institui edital que regulamenta o Concurso Internacional de Contos que nesta edição homenageia o escritor VICENTE CARDOSO.
1- Poderão participar escritores, maiores de 18 anos.
2- O tema será: contos de fantasia e/ou ficção científica.
3- Os textos deverão ser em língua portuguesa - digitados em Word ou BrOffice – fonte Arial – tamanho 12 – espaçamento simples – justificado – máximo de 6 laudas.
4- Os textos serão enviados para o endereço eletrônico concursodecontosvicentecardoso@gmail.com no campo assunto virá “Concurso Internacional de Contos Vicente Cardoso” com arquivo em anexo nomeado “Texto” constando o texto sem identificação do autor, apenas pseudônimo. Também um outro arquivo nomeado “DadosPseudonimo” sendo que no lugar de Pseudônimo virá o pseudônimo escolhido. Por exemplo, se o pseudônimo for “Adalio” o arquivo será nomeado “DadosAdalio”. Neste arquivo constarão: pseudônimo, nome real, endereço, endereço eletrônico, telefone e breve currículo do autor.
5- Os textos devem ser inéditos de publicação em livro na mídia papel. Publicação em livro sem registro ISBN ou e-book não quebram o ineditismo da obra.
6- Aos cinco primeiro colocados serão entregues:
1º colocado: diploma constando colocação, 15 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso e uma cesta de livros de escritores santa-rosenses;
2º colocado: diploma constando colocação, 10 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso e uma cesta de livros de escritores santa-rosenses;
3º colocado: diploma constando colocação e 9 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso.
4º colocado: diploma constando colocação e 8 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso.
5º colocado: diploma constando colocação e 7 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso.
7- Todos os autores que tiverem textos selecionados para participar da coletânea receberão diploma com esta menção.
8- A coletânea terá registro ISBN e será lançada na 7ª Feira do Livro de Santa Rosa que acontecerá de 13 a 16 de Outubro de 2011 no Parcão - Praça 10 de Agosto - em frente ao Museu Municipal. Será também distribuída para venda em livrarias e poderá ter seção de autógrafo em outras feiras ou eventos.
9- Ao enviar seus textos os autores estarão cedendo os direitos autorais da obra enviada para publicação em livro, e-book, áudio livro e PDF a comissão organizadora da 7ª Feira do Livro de Santa Rosa.
10- Os textos poderão ser enviados até 10 de Agosto de 2011 exclusivamente via internet conforme consta no artigo 4º deste regulamento.
11- Esta vedada a participação de integrantes ou familiares dos integrantes da comissão central da 7ª Feira do Livro de Santa Rosa e de familiares dos membros da comissão julgadora deste concurso.
12- Os contos serão julgados por uma comissão de alto nível literário, indicada pela Comissão Central da 7ª Feira do Livro de Santa Rosa, cuja decisão será soberana, à qual não cabem recursos sobre o resultado do concurso.
13- As inscrições fora das normas do concurso não serão aceitas.
14- É de responsabilidade exclusiva do concorrente a observância e regularização de toda e qualquer questão relativa a direitos autorais sobre a obra inscrita.
15-Este edital atende ao disposto na Lei Federal nº 9.610 de 12/02/1998 sobre direitos autorais.
16-Os premiados concordam e permitem a divulgação de seu nome e imagem para a divulgação do concurso, sem qualquer ônus para os realizadores.
17-Os participantes declaram estar cientes e de acordo com este regulamento.
18-Os casos omissos neste regulamento serão resolvidos pela Comissão Central da 7ª Feira do Livro de Santa Rosa.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

MEMBRO CORRESPODENTE DA ACADEMIA TIJUQUENSE DE LETRAS - SC

Amanhã serei Membro Correspodente da Academia Tijuquense de Letras, sociedade literária da cidade de Tijucas, no estado de Santa Catarina. Convite do amigo Tonni Lima, escritor e presidente da instituição. Estou muito feliz pelo convite e triste por não poder estar presente.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Literatura Nordestina e Urbanidade

As relações entre literatura e experiência urbana tornam-se mais contundentes e radicais na modernidade, a partir da revolução industrial, apresentando-se um conjugado de fenômenos novos que dimensionaram a metrópole, tornando-a um espaço que afetou as relações com o humano. Sob o signo do “progresso” e da “civilização”, alteraram-se não só o perfil e a cartografia do urbano, mas também o conjunto de experiências de seus habitantes.

Essa “cidade da multidão”, dos “ritmos frenéticos”, que tem a rua como traço forte de sua cultura, passa a ser não só um cenário, mas também a grande personagem de muitas narrativas ficcionais, ou presença encorpada em muitos poemas. Assim, é Paris para Victor Hugo, Balzac e Zola; ou Londres para Dickens. No mesmo sentido, pode-se perguntar o que significa Buenos Aires para Borges; ou Lisboa para Eça de Queirós; o Rio de Janeiro para Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio, Rubem Fonseca, e tantos outros ficcionistas contemporâneos.

Todavia, quando chegamos à região Nordeste, a freqüência de ficcionistas que orientam as suas narrativas para o fenômeno urbano diminui consideravelmente. Todos sabem que temos três grandes cidades com milhões de habitantes: Fortaleza, Recife e Salvador, palcos de experiências que podem influenciar as narrativas de nossos ficcionistas. Mais qual seria a motivação principal? Acredito que o discurso “regionalista” que foi predominante e continua a influenciar a mentalidade parte de nossos ficcionistas possa ser considerada a responsável por estas abordagens menos ligadas a urbanidade.

O certo é que a grande maioria das referências à literatura nordestina a coloca ainda atrelada ao movimento regionalista, à tradição rural, e aos seus principais divulgadores (José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, entre outros), que entre as décadas de 1920 e 1950, demarcaram um território estilístico de difícil superação.

No entanto, nomes na atualidade, como Rinaldo de Fernandes, Antonio Carlos Viana, Pedro Salgueiro, Cristhiano Aguiar, entre outros (uns mais e outros menos), vêm pouco a pouco nesta última década assentando a literatura nordestina dentro do quadro da experiência urbana, em especial com abordagens que privilegiam a violência ou brutalidade no espaço público e urbano e a as relações privadas, na família ou no trabalho, em que aparecem indivíduos com valores degradados, com perversões e não raro em situações também de extrema violência, física ou psicológica.

A ficção nordestina contemporânea, de boa ou péssima qualidade, ainda está bastante focada pelos estereótipos da “ruralidade” e da miséria, certado de imagens ligado ao chamado folclore nordestino. Boa parte destas narrativas traz apenas valores documentais que estão longe de um experimento estético proveitoso. Mas temos exceções é claro, escritores ainda influenciados pelo “regionalismo”, expressam uma veia ficcional própria, rica de imagens e elementos mágicos, num movimento de reconstrução dos meios rurais e/ou meios urbanos, como é o caso de Ariano Suassuna, Raimundo Carrero e Ronaldo Correia de Brito.

Publicado no blog do Caixa Baixa: http://caixabaixa.org/2011/05/03/literatura-nordestina-e-urbanidade/

quinta-feira, 9 de junho de 2011

PRÊMIO LITERÁRIO JOSÉ LINS DO REGO

GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA
Secretaria de Estado da Cultura
Fundação Espaço Cultural da Paraíba - FUNESC
PRÊMIO LITERÁRIO JOSÉ LINS DO REGO
REGULAMENTO

A Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC), em parceria com A União Superintendência de Imprensa e Editora (A UNIÃO), torna público que estão abertas as inscrições para o Prêmio Literário José Lins do Rego, nos gêneros Romance ou Novela, Poesia, Infanto-Juvenil, Dramaturgia, Ensaio Literário e Conto ou Crônica.

DOS OBJETIVOS
O Prêmio Literário José Lins de Rego tem a finalidade de estimular a criação e a divulgação de obras literárias de autores paraibanos, bem como oportunizar, revelar e reconhecer talentos no âmbito de todos os municípios do Estado da Paraíba, através da publicação de textos inéditos. O Prêmio, em forma de publicação livresca, é também uma ação de resgate das Edições FUNESC, que criará 06 (seis) selos editoriais para definir as suas publicações por gênero literário. Estes selos receberão denominações também em homenagem ao escritor José Lins do Rego, patrono do Espaço Cultural pertencente à Funesc, inspirados em obras e personagens de criação desse autor, a saber:

a) Coleção Riacho Doce – para romances ou novelas
b) Coleção Pureza – para poesia
c) Coleção Gordos e Magros – para contos ou crônicas
d) Coleção Velha Totônia – para Literatura Infanto-Juvenil.
e) Coleção Papa-Rabo – para obras em dramaturgia; e
f) Coleção Usina – para Ensaios
As denominações dessas coleções não implicam em definição de temas para as obras a serem publicadas.

DOS PARTICIPANTES

Art. 1º - Estão habilitados a concorrer ao Prêmio somente autores paraibanos, residentes ou não neste Estado, com obras inéditas nas categorias acima relacionadas, sem qualquer restrição temática.

DA INSCRIÇÃO

Art. 2º - O prazo para recebimento das obras tem início no dia 06 de junho de 2011 e será encerrado no dia 05 de setembro de 2011. Para as inscrições postadas via Correios, até o último dia do prazo de inscrição, será considerada a data registrada no carimbo postal.

Art. 3º - Cada candidato poderá inscrever somente uma obra, no gênero literário de sua escolha.

Art. 4º - Os candidatos deverão encaminhar seus originais, pessoalmente ou via Correios, para o seguinte destinatário: PRÊMIO LITERÁRIO JOSÉ LINS DO REGO, Fundação Espaço Cultural da Paraíba – DDAC, Rua Abdias Gomes de Almeida, 800, Tambauzinho, CEP: 58042-100, João Pessoa-PB.

Art. 5° - A inscrição deverá ser feita em uma única embalagem contendo dois envelopes, sendo um com duas cópias da obra e outro, rigorosamente lacrado, com os dados pessoais do autor, conforme as especificações abaixo:

Envelope 1: Utilizar no remetente um nome fictício (pseudônimo), título da obra e gênero literário. No interior do envelope deve conter 02 (duas) cópias impressas do original, recomendável no formato A4, letra Arial, tamanho 12, espaço 1,5 ou da melhor forma que for conveniente desde que em perfeitas condições de legibilidade. A folha de rosto deve conter apenas o título da obra, o gênero a que concorre e pseudônimo.

Envelope 2 lacrado: Utilizar no remetente o mesmo nome fictício (pseudônimo) do Envelope 1, título da obra e gênero literário, porém no seu interior deve conter a Ficha de Inscrição (ANEXO 1) onde deverão constar todas as informações de identificação: pseudônimo, nome completo, nome artístico, título da obra, gênero literário, endereço residencial, telefone, endereço eletrônico (email), bem como as cópias de RG e CPF e breve currículo para efeitos de divulgação, em caso de premiada (ANEXO 2).

Art. 6º - Não serão aceitas inscrições cujo pseudônimo possa identificar os nomes verdadeiros dos candidatos, nem qualquer texto interno ou externo que possibilite o reconhecimento autoral.

Art. 7º - Não será cobrada taxa de inscrição.

DA PREMIAÇÃO

Art. 8º - Serão selecionadas 10 (dez) obras a serem publicadas pela FUNESC em parceria com A UNIÃO, conforme os seguintes gêneros e quantidades:

a) 02 (duas) de romances;
b) 02 (duas) de contos/crônicas;
c) 02 (duas) de poesia;
d) 01 (uma) de dramaturgia;
e) 01 (uma) de ensaio; e
f) 02 (duas) de literatura infanto-juvenil.


Art. 9º - A Comissão Julgadora poderá não conceder premiações dentro da quantidade estabelecida acima, reduzindo o total de selecionados ou até deixar de contemplar qualquer gênero, desde que apresente a devida justificativa de ordem meritória em relação aos inscritos.

Art. 10º - Os candidatos selecionados, além da publicação de suas obras, receberão prêmios em dinheiro no valor líquido de R$ 2.000,00 (dois mil reais) cada, por méritos iguais entre si, sem distinção de colocação e 100 (cem) exemplares de sua obra, a título de direitos autorais em forma de produto, ficando a Funesc e A União isentos de posterior pagamento por direitos dessa natureza.

Art. 11º - Serão impressos 600 (Seiscentos) exemplares de cada obra, a serem distribuídos com bibliotecas escolares e públicas estaduais, outras instituições do Estado da Paraíba e com os autores.
Art. 12º - Os prêmios, tanto em produto como em dinheiro, só serão entregues durante o período coincidente do lançamento das obras.
Art. 13º - A FUNESC, juntamente com A União, terão um prazo de até 12 meses para a edição e publicação das obras, a contar a partir da divulgação dos selecionados, podendo programar os seus lançamentos, no total ou em parte, para qualquer data dentro do prazo estabelecido neste artigo.

DA COMISSÃO JULGADORA

Art. 14º - As obras inscritas serão avaliadas por pessoas de destaque no contexto artístico-cultural da Paraíba ou convidados de outros Estados.
Art. 15º - Os membros do Júri serão escolhidos de acordo com as afinidades por gênero literário.
Art. 16º - A Comissão Julgadora delibera com total independência e em plena liberdade de critério, por maioria dos votos dos seus membros, cabendo, em caso de empate, ao Presidente da Comissão Julgadora, que coordenará os trabalhos, o voto de qualidade.
Art. 17º - A Comissão Julgadora atribuirá o Prêmio Literário José Lins do Rego às obras que considerar de destacados méritos literários, devendo essa escolha ser devidamente fundamentada.
Art. 18º - As decisões da Comissão Julgadora serão secretas e não suscetíveis de apelos, devendo ser anunciadas até 31 de dezembro de 2011.
Art. 19º - Os nomes dos membros integrantes da Comissão Julgadora só serão divulgados após a divulgação do resultado do Prêmio.

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 20º - Os originais enviados poderão ser devolvidos até a um prazo de 90 dias após divulgação dos resultados, mas a FUNESC não se responsabilizará por devolução através de postagem. Os candidatos não classificados poderão requisitar a devolução, pessoalmente e portando os documentos pessoais, na Coordenação de Literatura da FUNESC.

Art. 21º - A candidatura ao Prêmio Literário José Lins do Rego implica a aceitação do presente regulamento.


João Pessoa, 31 de maio de 2011




Lucinéia Maia de Souza Bezerra
Fundação Espaço Cultural da Paraíba – FUNESC
(Presidente)



Severino Ramalho Leite
A União Superintendência de Imprensa e Editora
(Superintendente)

sábado, 4 de junho de 2011

A Sombra da Cachoeira

Por Betomenezes

Há uma fonte, lá no alto, em certo lugar da serra. Mina água de dentro da pedra. ¿De onde essa água vem? É segredo e em si encerra. A água engatinha, fina camada dela, que qual cobra se arrasta em busca de outros ventos. A linha logo vira torrente, descendo a serra. Evitando sumidouros, o córrego agora riacho, o riacho agora é ribeiro, o ribeiro agora é rio. E este rio será isso até vir à foz, e depois da foz, a anunciação do oceano fará com que ele, em close, deixe de existir só por si.

E no caminhar deste contínuo d’água, há uma queda: um baque de três homens de altura, um baque na melancolia do rastejar. Como uma torneira no fundo da pia, o que cai quer fraturar as pedras, arrancar uma fissura do vale para assim deixar a cachoeira um pouco maior e depois seguir para o intangível. Prosseguir e deixar que suas irmãs, águas-novas, façam o mesmo, e persista o momento de nada que seria a queda d’água e a faça eterna estática estável, fora o farfalhar da água no pé do das pedras.

E dizem os meninos, aqui embaixo, no povoado, nopé da serra: “¡vamos à cachoeira!”, como se ela fosse um ente; um ser de sua mesma linhagem, lugar onde os seus pais se banharam, seus avós, seus bisavós, e é; eles foramentão para lá, a repetir de maneira única o banhar feito por séculos.¿E a água que passa? a água-que-passa já diz tudo, passa. É célula suicida, abrupta, com mira no ralo do mar. É caspa caindo da pele da terra. É corpo descartável que embala a alma. É corpo exorável que faz sombra à alma. É corpo degradável defronte à sua alma, a sombra.

A sombra da cachoeira não quer saber se a água que lhe faz ser não é a mesma água de ontem, nem da semana passada. A sombra da cachoeira não quer saber da correria líquida, do movimento, de sua história, do seu nascer e do ser porvir. A sombra da cachoeira desde o bisavô do bisavô está ali, intransigente ao tempo. Pode, como toda moça, no verão vir a afinar a cintura, como também se encher de gordura, quando a chuva desce; no entanto, é a mesma alma de cores negras e de silêncio límpido.

Ela seria só um estalo, tempo entre duas sinapses, conta perfeita para definir um instante de nada. Uma sinopse de um movimento de valsa, de um passo com feitio de salsa. No entanto eram tantos repetidos momentos que o fluxo etéreo a priori ganhou cara de eterno estático. O riscado da dança era mais dança que a própria dança, linhas bêbadas do traço do compasso, projeção no chão que se enovelava pelo tablado, entre os pés, como o pó de barro, em reverência, que não se assenta enquanto não acaba de passar a procissão.

A romaria dos meninos fascina a sombra. Faz sombra à fina sutil razão dela existir. ¿De onde vem a sua calma?Do cio da terra que a água traz, do fim que terá se um dia a terra negar o rio de raiar. A sombra balança com vento, a sombra dança mesmo sendo a estátua do fluxo. Sua essência de não ser um ser concreto é sua calma. Esta sombra não pesa, não vela por si. Existe sem precisar correr às duras penas para criar sombras. O segredo da calma das sombras: elas não têm sombra para engordar.

Inspirado no poema O Ofício de Engordar as Sombras de Bruno Gaudêncio

O OFÍCIO DE ENGORDAR AS SOMBRAS

Bruno Gaudêncio

desmentindo o seu próprio segredo
a alma carrega sempre
o ofício de engordar as sombras,
de retornar as coisas
da infância tangível
em um límpido silêncio
de água que flui
na nudez
pura da morte.