“Ouço aves e Beethovens”
Manoel de Barros
I
A boca do meu coração
vive sentada
nas narinas de aço
do meu indiscreto desespero,
enquanto o vento verbaliza o tempero
e designa o papel dos meus cabelos sujos
de tensão e caos…
II
Corrompo as frases
com o meu andar surreal
de Manoel de Barros
sem Pantanal,
e estupro o sentido normativo
da incompreensão.
III
É ótimo cantar fluidos,
fluxos de fatos infantis
que perturbam o meu juízo
de lata e metáfora.
IV
Mergulho nos significados dos medos
em um profundo claro de nada.
V
O caos brinca de osso
com os meus perfumes de livro.
São as palavras que matam
os fantasmas
de fruta podre
que moram
em mim.Poema publicado no meu livro: O Ofício de Engordar as Sombras (João Pessoa, Sal da Terra, 2009) e republicado em outros espaços, entre eles na página "Poesia dos Brasis", editado Antonio Miranda: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/paraiba/bruno_gaudencio.html
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